DOEU MAIS EM MIM QUE EM VOCÊ

Quando a gente passou dois meses sem se ver, quando passamos mais de uma semana sem conversar, quando eu praticamente implorei pra que tu enxergasses que valia a pena ficar só comigo e tu escolhesses que não valia tanto assim. Doeu pra cacete perceber que eu estava amando por nós dois, que só eu estava tentando fazer esse lance dar certo, que eu, somente eu, carregava um peso nas costas por não conseguirmos dar certo.

Doeu mais em mim que em você quando eu finalmente entendi que não valia mais a pena correr atrás desse sentimento que ainda insiste em me corroer por dentro. Quando metade de mim queria te encher de carinho e a outra metade me mostrava que isso não faria você ser só meu. Quando eu tive que pegar os resquícios de coragem que ainda circulavam pelo meu corpo e (in) felizmente te dizer que já não dava mais.

Doeu mais em mim que em você porque eu ainda não aprendi a lidar com despedidas, porque eu sempre uso vírgulas e reticências em vez do ponto-final, porque ser ríspida foi a única forma que eu encontrei pra não deixar as lágrimas inundarem meus olhos ao te ver pela última vez. E doeu muito mais, quando eu te vi sair pelo portão e atravessar a rua sem olhar pra trás, carregando sem saber um pedaço do meu coração.

E sempre vai doer mais mim que em você, porque fui eu que me entreguei, que acreditei que esse amor valia todo o meu esforço, que cada lágrima e cada mágoa retornariam num futuro próximo em sorrisos e carinhos, que tu eras o amor da minha vida. E vai continuar doendo mais em mim porque sou eu que ainda acredito em nós, porque sou eu que ainda carrego a esperança de um dia você me amar como eu te amo, porque sou eu que ainda dialogo contigo nas minhas horas de devaneio, que ainda durmo e acordo pensando em você, porque sou eu que ainda escrevo cartas que jamais vou poder te entregar, porque sou eu que sempre vou amar por nós dois, mesmo sem saber, mesmo sem poder.