#BEDA28 | CA(FÉ)

Me prepara um café, me faz cafuné, me chama pra dormir abraçada contigo, nós dois juntinhos na tua cama. É que tenho me sentido só, é que tenho sentido tua falta, minha falta também, tenho perdido as horas para dormir e muito mais para levantar. Tem algo doendo aqui e eu não sei o que poderia ser, ou até sei, mas vamos fingir que não. Então me prepara um café, desses de verdade, com água fervente, preto e amargo, que é para eu acordar, preu me fazer viva de novo. Me chama para sair mais uma vez, ou comer pipoca, nem que seja de microondas já que você não sabe fazer na panela, a gente se ajeita, se abraça, coloca um cobertor e qualquer filme que nos faça rir. Risada. Sinto falta da tua, bem mais da minha. Eram sinceras as gargalhadas que dávamos quando estávamos juntos. Bate na porta e pede para entrar, arrumo a mesa e te chamo pro jantar, cozinho o que você quiser, se depois você me acolher no seu abraço e me fizer cafuné. Tenho precisado de uma dose de ca(fé), porque como dizia Gilberto - Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar. Me faz dormir tranquila como não durmo a tempos, me faz desacelerar o coração, me faz colorida de novo. Tenho a sensação de ter perdido a fé no mundo, nas pessoas, nos sonhos, na vida, tenho desbotado as cores, como um quadro esquecido no canto do sótão. Talvez esbarrar nos teus olhos não me faça voltar ao 'normal', como eu imaginava, porque bem no fundo eu só preciso de mim para ser sorriso e morada, depender da tua reciprocidade nunca pintou meus dias de azul celeste e sim de um tom cinzento, que me impedia de seguir em frente e ver o belo do arco-íris que eu sou. Então me perdoe desfazer o pedido, deixa que eu faço o café, daqui para frente serei minha e só minha. A gente precisa ter fé.