7 de janeiro de 2018

ela se perdeu de si


Tenho percebido que o cansaço está cada dia mais presente na minha vida. Os banhos se tornaram ainda mais demorados, o sono ainda mais curto, e as olheiras, um tanto mais profundas. Não sei ao certo quando tudo mudou, quando essa sensação de vazio se apossou inteira do meu corpo, mas acredito que tenha chegado pelas beiradas, um dia de cada vez, um pouquinho de tristeza a cada dia, de repente um universo inteiro nas minhas costas. As horas de sono nunca parecem suficientes para renovar as energias. Eu durmo por 8h ou 10h e o corpo continua reclamando: você precisa ir devagar, por favor pare um instante.

Já faz uns dias que a alma anda sobrecarregada e eu não consigo parar para apreciar o pôr do sol. E para alguns, isso pode parecer besteira, mas cada dia que passa algo em mim morre e eu não quero ser ainda pior do que já sou. Recordo como era maravilhoso sentar ao fim da tarde para ver o sol se pondo e acabar me emocionando, fosse pela beleza do momento ou por acabar refletindo sobre a vida. Tenho sentido falta das lágrimas que eram sinceras, que aliviavam o peso que a vida me colocava.

Tenho realmente me sentido perdida, e nem coloco a culpa dessa confusão em termos nos afastado, penso que isso foi só a última gota que meu corpo precisava para transbordar, o coração fez crack mais uma vez, um lasco bem no meinho dele, e isso tem me cortado a respiração, o ânimo e muitas outras coisas. É como se em um estalar de dedos eu já não acreditasse mais no mundo, nas pessoas e principalmente em mim, é a sensação de ter me perdido no meio do caminho, uma confirmação cada vez mais clara quando eu observo meus retratos antigos.

Tenho sentido falta da menina sorridente, do brilho nos olhos, da gratidão pelas mínimas coisas, da pele mais corada, do coração, que se despedaçou em meio a tantos encontros. Saudades de um tempo que não volta, de alguém que já fui e não posso ser novamente por mais que eu tente e tente e tente. Não consigo. Eu me perdi de mim em uma das esquinas que dobrei errado e não tenho como voltar para me buscar. Mas se me dessem a chance eu gastaria de bom grado o meu único ticket na máquina do tempo para poder reencontrar-me, talvez eu pudesse mudar tudo que sou hoje...

Se para lá eu contasse como tudo é aqui agora tenho certeza que o meu antigo eu faria o possível para parar o tempo, ou tentaria não errar tanto. Escolheria outros caminhos, outros abraços, outros sorrisos, agradeceria mais e aproveitaria os presentes que ali foram lhe dados. As feridas e as más lembranças não existiriam, ou talvez fossem um pouco diferentes, um pouco menos dolorosas de carregar. 

Sinto falta da garota de olhos vivos, de coração cheio, que mesmo pequeno carregava o infinito. Sinto falta das histórias que ela vivia, de como enxergava a vida, de como era suficiente para si e não se jogava de corpo e alma a todas as situações, a quem lhe prometesse sorrisos; ela era rígida, era um tanto sábia nos conselhos que dava, conselhos que não seguiu... ela se perdeu de si.

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